sábado, 9 de outubro de 2010

Consolo. ~




Mesmo dentro de casa, nada mais me parece aconchegante o suficiente, seguro o suficiente. Eu estou á deriva. E ninguém pode me salvar. Porque eu fantasiei o vilão de herói, e achei que ele ia seguir as minhas fantasias. E o único que pode me salvar é aquele que me pôs em perigo.
E, como não posso mais ficar em casa, saio. Sozinha. E estou melhor assim. Sentada no banco da pracinha, que está tão vazia quanto eu. Não há sol. O céu antes azul agora estava coberto de nuvens negras, e a brisa fresca se tornou um vento incessível, veloz e terrível, que bate em meu rosto, leva meus cabelos e esfria o coração já congelado.
E, por fim, a gora d’água, ou as gotas d’água: começa a chover.
No início, gotas fracas caem. Gotas fracas e tristes, insuficientes até para molhar meu cabelo ou meu rosto. Mas logo a chuva se torna mais forte, mais potente, mas espessa, e o vento que ricocheteia meus cabelos se torna incansável, cada vez mais forte, cada vez pior. Meu rosto era agora tomado por gotas de chuva, e me vejo forçada á voltar. Não há abrigo seguro, mas eu ainda posso tentar. Então me levanto e corro. Corro com o vento cada vez mais forte contra mim, com as poças se formando, me ameaçando cair, com a chuva me molhando, com o ar me faltando. Apenas meus passos ecoam pela rua, apenas minha respiração ofegante á procura de algum lugar para sair...
Mas não há para onde ir. Por mais que eu procure, nunca haverá um refúgio tão seguro quanto seus braços, um guarda-chuva tão protetor quanto suas palavras e uma alegria tão grande quanto a sua presença.
E agora eu fui privada disso. Para sempre.
E as lágrimas, assim como a chuva, caem sem parar.

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